setembro 14, 2010

E aí tem você. E aí me senti em casa quando não quis impedir que morasse em mim, quando me tranquei em você. Achei meu lugar, minha espécie, meu país. Não aqui ou lá mas em você que também não sabe de onde vem e que não gosta daqui. E tento. Me arrisco a ver ao redor com os olhos do povo de cá, por você.
Mas não posso misturar demais, para o nosso bem. Não me peça.
Não te encho, mas não me vou. Não tenho pressa. Estou aqui.
E vou ficar.


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Eu não pertenço aqui. É, eu sei, admito o clichê mas, na verdade, em matéria de pertencer não sou lá dos melhores. 
Coisa alguma, lugar algum. Não sou, estou. Já andei por aí, por todo canto. Já voei baixo, perto do chão e me encolhi por baixo dele quando tive frio, andei nas nuvens. Encontrei de tudo, gostei de quase tudo, alumas coisas não quero ver mais. Nada sou eu. Costumes que não me cabem. 
Me perco. 
Não sei, vivo mesmo meio perdido sempre. Posso até já ter me encontrado e pensei que era perder. Penso sobre a mesma coisa geralmente muitas vezes. Fico remoendo, ruminando, relendo umas linhas, prevendo uns passos. Penso demais. Não me preocupo em não cair em contradição. Sou contrário, avesso, avulso. Não tenho o compromisso de fazer sentido nem pra mim. Não encaixo. Não faço idéia de onde venho nem se venho mesmo mas tenho noções sobre o que não posso ser. Não posso ser muitas coisas, só posso ser tudo de uma vez. Não tenho medo. Não mais. Não essa noite. Não estou pela rua há tanto tempo assim mas vi o suficiente para saber como esperar. Espero. Caminho. Corro. Arrasto. Sem muito interresse de chegar. Apenas caminho. Como parte de nada que sou.

setembro 09, 2010

Dá-me um gole do veneno no teu seio, tu que me dizes amar. Livra-me da dor de deixar-te ir. Mata-me com o sal da tua pele. Faz-me suspirar. Solta a lança, o teu ígneo dardo. Poupa-me.

setembro 07, 2010

Obrigado, pode ficar com o troco.


Não pretendo continuar pagando caro por nada. E não vou sentir qualquer tom de piedade. Nem por mim nem pelas suas vendas inúteis.
Não me atrai esse show de entulhos que propõe. Tenho azia.

Tem troco para 20?

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setembro 04, 2010

"Quando uma pessoa imaginativa entra em dificuldades mentais, a linha entre ser e parecer dá um jeito de sumir"

S.King

setembro 02, 2010

— Cansei.
— De...?
— Mim,
— Eu não.
— Da vida.
— A vida é boa.
— Não gosto dela.
— Pois devia.
— Não.
— Não?
— Não. Não tem muita coisa aqui que preste pra mim.
— Mas deve ter alguma. Alguma que valha a pena.
— Preferia a inexistencia.

— Aí não teria o que preferir.
— Ja seria ótimo. Eu conto os minutos, os segundos e durmo... pra que passe mais rapido o tempo.
— E pra que tanta pressa?
— Eu não gosto daqui.
— Ainda não viu muito daqui.
— Não quero ver.
— E se eu te mostrar?
— Não quero ver. Isso é um segredo. Se eu mostro, sou fraca, mas eu odeio esse lugar.
— Vamos ter que fugir daqui. Depressa.

setembro 01, 2010

Vai! Nega o teu desejo e desfaz-te de mim.
Eu que só te quero em Polaroid, num retrato, uma mensagem.
Ignora-me!
Condena meu querer!
Vai e some!
Vem com a sede, vem depressa, vem sem  mas.
Quero desejos mais insanos, momentos intensos, os dias mais longos.
Quero uma vida mais curta, os corpos mais quentes, destino sem paz
Não tenho medo, nem pressa, ou certeza.
Nem quero ir, vir ou chegar lá.
Quero sentir o calor, a pureza, o céu, a dor;
 pés descalços, mãos apertadas.
Quero lábios ardentes, olhares cruéis, reticentes.
Quero você, quero nada.
Quero instantes eternos, teus passos incertos
que outrora diz sim, as vezes nem diz.
Vem com teus olhos felinos, teu verbo mansinho, com teu provocar.
Me para, me cerca, ataca.
Me aperta, torce, quebra. Te esquiva de mim
Despreza, desvia, me engana e distrai,
um sentido secreto, querer,
teu impulso, teu pulso desperto,
sem jeito, sem nexo, sem trégua, sem não.
Quem sabe me tenha seduzido por loucuras,
talvez me confundido com canduras.
Quem dera perdido a razão.