Vai! Nega o teu desejo e desfaz-te de mim.
Eu que só te quero em Polaroid, num retrato, uma mensagem.
Ignora-me!
Condena meu querer!
Vai e some!
Vem com a sede, vem depressa, vem sem mas.
Quero desejos mais insanos, momentos intensos, os dias mais longos.
Quero uma vida mais curta, os corpos mais quentes, destino sem paz
Não tenho medo, nem pressa, ou certeza.
Nem quero ir, vir ou chegar lá.
Quero sentir o calor, a pureza, o céu, a dor;
pés descalços, mãos apertadas.
Quero lábios ardentes, olhares cruéis, reticentes.
Quero você, quero nada.
Quero instantes eternos, teus passos incertos
que outrora diz sim, as vezes nem diz.
Vem com teus olhos felinos, teu verbo mansinho, com teu provocar.
Me para, me cerca, ataca.
Me aperta, torce, quebra. Te esquiva de mim
Despreza, desvia, me engana e distrai,
um sentido secreto, querer,
teu impulso, teu pulso desperto,
sem jeito, sem nexo, sem trégua, sem não.
Quem sabe me tenha seduzido por loucuras,
talvez me confundido com canduras.
Quem dera perdido a razão.